Monotonia Descritiva
Frases soltas, deveras
estantes
Rígidas pancadas, veladas e
repugnantes
Trazem a dor fria e iminente
Do sofrimento preso pelos
dentes
A duras penas cercam nossa
visão
O sol impede o enxergar,
tentativas em vão
Pelo vão da porta,
entreaberta, torta
Gasta com pancadas de anos,
morta
Pleno sentido de ver, uma
passagem
Velo o ranger de suas
entranhas
Pedidos e conserto, pedido
de remontagem
Sopro de piedade, deliciando
em suas façanhas
A simples porta, tento
descrever
Arranhada em seus pés,
frágeis e gastos
Experiência de séculos,
descrições do ver
Descrições monótonas, secas,
em restos
Supridas pela ignorância
totalmente quieta
Varre sua varanda, de uma
lado
Para o outro...
De um lado...
Para outro...
Miguel de Almeida Franco